ALUNO X FAMILIA X ESCOLA: A IMPORTANCIA DESSA RELAÇÃO NO DESEMPENHO ESCOLAR
Ana Aurora Barbosa Debortolli
RESUMO
O
presente artigo discorrerá sobre a importância do bom relacionamento
entre família e escola para efetivo desempenho escolar das crianças,
quanto maior for à participação da família, mais eficaz será o trabalho
da escola e mais as crianças obterão desenvolvimento tanto na aprendizagem quanto seu desenvolto social. Para a abordagem do tema recorreu-se a pesquisa bibliográfica na qual se obteve embasamento teórico relacionados a alguns conceitos, como: família, escola, aprendizagem e desenvolvimento humano.
ABSTRACT
This
article will talk about the importance of good relations between family
and school for effective school performance of children , the greater
the participation of the family, the more effective the school work and
more children will get development both in learning how their social
Jaunty . To approach the subject turned to literature in which
theoretical knowledge obtained is related to some concepts , such as family , school, learning and human development.
INTRODUÇÃO
Sabe-se
que existe uma preocupação por parte de muitos estudiosos e
pesquisadores em contribuir para um trabalho mais rico e significativo
nas escolas. Mas, ao se fazer uma análise do atual contexto escolar,
nota-se que ainda são muito perceptíveis no cotidiano da escola, as
reclamações e insatisfações por parte dos professores em relação aos
alunos e vice-versa. Ou seja, a relação professor-aluno parece ser
permeada por animosidades ou conflitos. Diante de tantos desconfortos
pedagógicos, houve alguns impasses: Entender ou repreender? Orientar ou
ignorar? A partir daí, tomou-se a decisão de olhar de frente o problema e
o aproveitar para um tema de pesquisa a ser investigado: Como a relação
professor-aluno pode contribuir no processo ensino-aprendizagem?
Em
todo processo de aprendizagem humana, a interação social e a mediação
do outro tem fundamental importância. Na escola, pode-se dizer que a
interação professor-aluno é imprescindível para que ocorra o sucesso no
processo ensino aprendizagem. Por essa razão, justifica-se a existência
de tantos trabalhos e pesquisas na área da educação dentro
dessa temática, os quais procuram destacar a interação social e o papel
do professor mediador, como requisitos básicos para qualquer prática
educativa eficiente.
1. PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
De acordo com as
abordagens de Paulo Freire, percebe-se uma vasta demonstração sobre
esse tema e uma forte valorização do diálogo como importante instrumento
na constituição dos
sujeitos. No entanto, esse mesmo autor defende a ideia de que só é
possível uma prática educativa dialógica por parte dos educadores, se
estes acreditarem no diálogo como um fenômeno humano capaz de mobilizar
o refletir e o agir dos homens e mulheres. E para compreender melhor
essa prática dialógica, Freire acrescenta que [...], o diálogo é uma
exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o
refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser
transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consumidas pelos permutantes. (FREIRE, 2005, p. 91).
Assim, quanto mais o professor compreender a dimensão do diálogo como postura necessária em suas aulas, maiores avanços estará
conquistando em relação aos alunos, pois desse modo, sentir-se-ão mais
curiosos e mobilizados para transformarem a realidade. Quando o
professor atua nessa perspectiva, ele não é visto como um mero
transmissor de conhecimentos, mas como um mediador, alguém capaz de
articular as experiências dos alunos com o mundo, levando-os a refletir
sobre seu entorno, assumindo um papel mais humanizador em sua prática
docente. Já para Vygotsky, a ideia de interação social e de mediação é
ponto central do processo educativo. Pois para o autor, esses dois
elementos estão intimamente relacionados ao processo de constituição e
desenvolvimento dos sujeitos. A atuação do professor é de suma
importância já que ele exerce o papel de mediador da aprendizagem do
aluno. Certamente é muito importante para o aluno a qualidade de
mediação exercida pelo professor, pois desse processo dependerão os
avanços e as conquistas do aluno em relação à aprendizagem na escola.
Quando
se imagina uma escola baseada no processo de interação, não se está
pensando em um lugar onde cada um faz o que quer, mas num espaço de
construção, de valorização e respeito, no qual todos se sintam
mobilizados a pensarem em conjunto.
Afetividade a
escola pode ser considerada como um dos espaços essencialmente
propícios, e talvez único, capaz de desenvolver e elevar o indivíduo
intelectual e culturalmente dentro de uma sociedade. Entretanto, as
relações estabelecidas no contexto escolar entre alunos e professores
têm exigido bastante atenção e preocupação por parte daqueles que
encaram a escola como espaço de construção e reconstrução mútua de
saberes. Nesse sentido, acredita-se que uma das tarefas das equipes
pedagógicas de qualquer escola, é a criação de estratégias eficazes, no
sentido de promover uma formação continuada, a qual possibilite uma
relação pedagógica significativa
e responsável entre professores e alunos, garantindo a todos a melhoria
no processo ensino aprendizagem. Entende-se que cada ser humano, ao
longo de sua existência, constrói um modo de relacionar-se com o outro,
baseado em suas vivências e experiências. Dessa forma, o comportamento
diante do outro depende da natureza biológica, bem como da cultura que o
constituiu enquanto sujeito. Nessa perspectiva, é de fundamental
importância entender que a sala de aula é um espaço de convivências e
relações heterogêneas em ideias, crenças e valores.
Sendo
assim, a escola precisa criar um ambiente mais estimulante e afetivo
que possibilite a esse adolescente enxergar-se nesse processo. Por esse
motivo, a mediação do professor é uma contribuição que irá ajudar o
aluno do segundo segmento do Ensino Fundamental a dar sentido ao seu
existir e ao seu pensar. É importante que se ressalte que, quando se
fala em proporcionar uma relação professor-aluno baseada no afeto, de
forma alguma, confunde-se aqui afeto com permissividade. Pelo contrário,
a ação do professor deve impor limites e possibilidades aos alunos,
fazendo com que estes percebam o professor como alguém que, além de lhe
transmitir conhecimentos e preocupar-se
com a apropriação dos mesmos, compromete-se com a ação que realiza,
percebendo o aluno como um ser importante, dotado de ideias,
sentimentos, emoções e expressões.
2. A FAMILIA E O DESEMPRENHO ESCOLAR
A
escola e a família, assim como outras instituições, vêm passando por
profundas transformações ao longo da história. Estas mudanças acabam por
interferir na estrutura familiar e na dinâmica escolar de forma que a
família, em vista das circunstâncias, entre elas o fato de as mães e/ou
responsáveis terem de trabalhar para ajudar no sustento da casa, tem
transferido para a escola algumas tarefas educativas que deveriam ser
suas.
Percebe-se
desta forma que a interação família/escola é necessária, para que ambas
conheçam suas realidades e suas limitações, e busquem caminhos que
permitam e facilitem o entrosamento entre si, para o sucesso educacional
do filho/aluno. Nesse sentido, faz-se necessário retomar algumas
questões no que se refere à escola e à família tais como: suas
estruturas e suas formas de relacionamentos, visto que, a relação entre
ambas tem sido destaque.
MARCHESI
(2004) nos diz que a educação não é uma tarefa que a escola possa
realizar sozinha sem a cooperação de outras instituições e, a nosso ver,
a família é a instituição que mais perto se encontra da escola. Sendo
assim se levarmos em consideração que Família e Escola buscam atingir os
mesmos objetivos, devem elas comungar os mesmos ideais para que possam
vir a superar dificuldades e conflitos que diariamente angustiam os
profissionais da escola e também os próprios alunos e suas famílias. A
escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional
da família jamais cessará. Uma vez escolhida a escola, a relação com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre escola, pais e filhos. (REIS, 2007).
Portanto,
uma boa relação entre a família e a escola deve estar presente em
qualquer trabalho educativo que tenha como principal alvo, o aluno. A
escola deve também exercer sua função educativa junto aos pais,
discutindo, informando, orientando sobre os mais variados assuntos, para
que em reciprocidade, escola e família possam proporcionar um bom
desempenho escolar e social às crianças. Pois, [...] se toda pessoa tem
direito à educação, é evidente que os pais também possuem o direito de
serem, senão educados, ao menos, informados no tocante à melhor educação
a ser proporcionada a seus filhos. (PIAGET, 2007).
Lembrando CORRÊA
as diferenças no aprender dizem respeito à hereditariedade, ao gênero, à
cultura e ao ritmo no processo de aprendizagem. Percebe-se então, que
experiências familiares aliadas ao trabalho escolar resultam numa
melhora eficaz em relação ao nível de aprendizagem e consequentemente do
rendimento escolar, pois, fica claro no discurso diário dos professores
que os alunos que recebem atenção significativa por parte da família,
tendem a apresentar um melhor rendimento escolar, ao passo que aqueles
que não recebem atenção adequada apresentam quase sempre desempenho escolar abaixo do esperado. Quando
a família passou a frequentar a escola e relacionar-se melhor com seus
filhos e com os professores, estes mostraram uma melhora sensível em
seus rendimentos. Delors observa: Os meios de vida, de estudos, por onde
circulam os aprendizes são tão importantes quanto às atividades
educacionais que abrigam. Sua influência deve-se ao fato de que eles são
desigualmente motivadores, diferentemente estimulantes e mais ou menos
propícios a aprendizagens significativas. A cultura da instituição, da
família e da sociedade é igualmente um fator de ensino. (DELORS, 2005,
p. 196)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
escola constitui um contexto diversificado de desenvolvimento e
aprendizagem, isto é, um local que reúne diversidade de conhecimentos,
atividades, regras e valores e que é permeado por conflitos, problemas e
diferenças (Mahoney, 2002). É nesse espaço físico, psicológico, social e cultural que os indivíduos
processam o seu desenvolvimento global, mediante as atividades
programadas e realizadas em sala de aula e fora dela (Rego, 2003). O
sistema escolar, além de envolver uma gama de pessoas, com
características diferenciadas, inclui um número significativo de
interações contínuas e complexas, em função dos estágios de
desenvolvimento do aluno. Trata-se de um ambiente multicultural que
abrange também a construção de laços afetivos e preparo para inserção na
sociedade (Oliveira, 2000).
REFERÊNCIAS
CORREA, Rosa Maria. Dificuldades no aprender: um outro modo de olhar. Campinas: Mercado de Letras, 2001.
DELORS, J. (org.) Educação para o século XXl. Porto Alegre: Artmed, 2005
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 19 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
MARCHESI, ÁLVARO; Gil H. Carlos. Fracasso Escolar - uma perspectiva multicultural. Porto Alegre: ARTMED, 2004.
MAHONEY, A. A. (2002). Contribuições de H. Wallon para a reflexão sobre as questões educacionais. In V.S. Placco (Org.), Psicologia & Educação: Revendo contribuições (pp. 9-32). São Paulo: Educ.
OLIVEIRA, Z. M. R. (2000). Interações sociais e desenvolvimento: A perspectiva sociohistórica. Caderno do CEDES, 20, 62-77.
PIAGET, Jean. Para onde vai à educação? Rio de Janeiro: José Olímpio, 2007.
REIS, Risolene Pereira. In. Mundo Jovem, nº. 373. Fev. 2007, p.6.
REGO, T. C. (2003). Memórias de escola: Cultura escolar e constituição de singularidades. Petrópolis, RJ: Vozes
VYGOTSKY, L. S. (1983). Fundamentos de defectología. Havana, Cuba: Pueblo y Educación.
VYGOTSKY, L. S. (1987). Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes.
VYGOTSKY, L. S. (1991). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes
Nenhum comentário:
Postar um comentário